Casal morre no mesmo dia em Cambé no Paraná

Depois de 76 anos de casamento, Dona Lázara Ferreira Batista, 91 anos, e Anibal Oliveira Lemes, 94, morreram no mesmo dia. Ele foi levado para o hospital, durante a noite, com falta de ar e não resistiu. Ela teve uma parada cardiáca dormindo. Faleceu sem saber que o companheiro estava sob cuidados médicos. As mortes ocorreram em Cambé, no norte do Paraná, em 13 de agosto deste ano, com uma diferença de 15 horas, segundo a família.
Dona Lázara dormia no quarto quando o marido Anibal Oliveira Lemes, 94, teve de ser levado às pressas para o Hospital Santa Casa em Cambé, no norte do Paraná. Ele estava com falta de ar, sofria com uma gripe forte havia alguns dias. Precisou ser socorrido por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, com sintomas de pneumonia, no dia 12 de agosto.
A esposa não soube de nada. Os filhos (são quatro) preferiram poupá-la da notícia ruim. Enquanto socorriam o pai, deixaram a mãe seguir descansando. "Ela estava muito bem. Não entendia algumas coisas, por causa da idade, mas estava com a saúde muito boa. Não tinha nada, nada", conta Ester Carneiro Silvério, neta do casal.
Na manhã seguinte, 13 de agosto, entretanto, dona Lázara não acordou. Teve uma parada cardíaca. O marido seguiu internado, mas por pouco tempo: morreu aproximadamente 15 horas depois, no mesmo momento em que a mulher era enterrada pelos familiares.
"Meu avô sempre dizia: 'Ah, quero morrer junto com a 'véia', ao mesmo tempo. Nós dizíamos que não dava, que era impossível, e ele respondia: "Então, que ela vá antes, para não sofrer'", relembra Ester. "Nunca imaginávamos que ela fosse primeiro. Ninguém comentou nada com ela. Acho que ela sentiu que ele estava indo também".
O casal
Lázara e Anibal se casaram em 16 de setembro de 1937, em Piraju, no sul do estado de São Paulo. Eles se mudaram para Ibiporã, no norte do Paraná, há cerca de 70 anos - viviam há dez em Cambé, com os filhos.
A vida do casal foi simples: sempre viveram em chácaras ou sítios. Sustentavam-se com a agricultura e a pecuária - plantavam milho, café, criavam gados. A modéstia também era percebida nos gestos - nos quase 76 anos de casados, eles sempre faziam questão de entrelaçar as mãos quando andavam juntos, diz a neta.
A avó, segundo ela, demonstrava o amor com ciúme. "As enfermeiras vinham cuidar dele, ajudavam a fazer a barba, e ela ficava louca de ciúmes. Quase morria de raiva", assegura.
Anibal era bastante carinhoso, conforme a neta. Fazia questão de sempre trabalhar em prol da mulher. "Eles eram muito unidos. Um ajudava o outro sempre. Lembro que, quando chegávamos na chácara deles, meu avô sempre fazia questão de fazer as tarefas de casa para minha avó descansar. Ele fazia pão, bolo, limpava a casa. Tudo pra não incomodar a esposa", ressalta Ester.
Lázara e Anibal foram enterrados em 14 de agosto, no mesmo túmulo, em Ibiporã, onde foram pioneiros. (Redação G1 Paraná e anuncifacil)

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