AGENDA PARANÁ
“Políticos
paranaenses precisam se unir em torno dos interesses do Estado”,
diz Romanelli
Ao
participar da segunda reunião da Comissão Agenda Paraná, na manhã
desta quarta-feira (25), na Assembleia Legislativa, o deputado
federal, ex-chefe da Casa Civil do Governo Beto Richa (PSDB) e
ex-ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes (PMDB), fez um relato
contundente dos prejuízos que o Paraná vem sofrendo por conta da
desatenção do governo federal e da falta de representatividade no
contexto da Federação.
Segundo
ele, há duas dimensões para que as coisas aconteçam: a da
capacidade técnica das instâncias administrativas superiores e a da
pressão política. Quando a primeira falha, seja por que motivo for,
resta a pressão política para defender os interesses regionais. “A
presença do ex-ministro e ex-chefe da Casa Civil do governo Beto
Richa foi extremamente importante e uma verdadeira aula sobre como as
coisas acontecem em Brasília. Ele conhece como poucos a máquina
pública e como são tomadas as decisões em Brasília. O deputado
Reinhold Stephanes acredita, como eu, que a autofagia paranaense, só
tem trazido prejuízos para o Estado. Enquanto os nordestinos,
mineiros e gaúchos se unem em torno das causas de seus Estados,
superam divergências partidárias, os paranaenses historicamente são
desunidos. Tenho defendido a tese de que os parlamentares paranaenses
precisam se unir na defesa dos interesses do Estado, do contrário
continuaremos sendo discriminados pela União”, disse o deputado
Luiz Claudio Romanelli, relator da comissão.
Discriminação
— Vários temas foram abordados pelo
ex-ministro, entre eles a polêmica questão do pedágio. “Estamos
diante de uma situação absurda que não tem solução em curto
prazo. Dois terços das rodovias que passam pelo Paraná são
federais. Portanto, nenhum governador conseguirá solucionar esse
problema se não houver uma organização política mais firme e
permanente com esse objetivo”, pondera.
Referiu-se
também à questão dos portos, que considera fundamental para o
desenvolvimento do Estado. Referindo-se às obras de modernização
em Paranaguá, que prepararam o complexo para uma atuação mais
eficiente, observou que os entraves agora impossibilitam a realização
de licitações. No caso específico do Porto de Pontal, visto por
ele como aquele que apresenta o maior potencial brasileiro de porto
do futuro, altamente estruturado e com boas condições em todos os
aspectos, os próximos passos para sua materialização não ocorrem.
“Por que não acontece, se há um programa perfeitamente
estruturado e empreendedores interessados”, indaga.
Ensino
Superior — Outro tema levantado na reunião
foi o fato de o Paraná gastar por ano R$ 2 bilhões com ensino
superior, que deveria ser de responsabilidade da União, definida
constitucionalmente. São sete universidades estaduais, com campi
localizados principalmente no interior, que acolhem cerca de 98 mil
alunos em sua rede presencial. O reitor da Unicentro e presidente da
Associação Paranaense de Reitores de Universidades Estaduais, Aldo
Nelson Bona, defendeu proposta apresentada pela Associação
Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais,
prevendo um repasse anual de R$ 2.000,00 por aluno matriculado no
sistema presencial estadual, valor que representa 18% do custo anual
médio dos alunos das universidades federais.
Segundo
ele, uma minuta de anteprojeto de lei foi apresentada ao então
ministro de Educação, Aloisio Mercadante (PT), que o rejeitou sob o
argumento de que a União não financiaria universidades como a USP
ou a UNICAMP, “mais ricas do que qualquer universidade federal”.
Bona argumentou que as duas instituições paulistas não refletem a
realidade do resto do país. “As nossas sete universidades
estaduais têm orçamento pesado demais para o Estado, menor,
entretanto, que o da UFPR. Abrigam mais de 90 mil alunos contra os
cerca de 30 mil desta última. Além disso, são responsáveis por
45% dos trabalhos de pesquisa realizados no Estado”.
Apresentaram
diagnósticos e sugestões que serão analisados pela Agenda Paraná
representantes de vários outros setores da administração pública,
como Fabiana Campos, diretora de Educação e Trabalho da Secretaria
de Educação; Rene Santos, diretor-geral da Secretaria de Estado de
Saúde; José Maurino, diretor do Departamento do Trabalho da
Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária; e
Alzenir de Fátima, da Secretaria da Família e Desenvolvimento
Social.
Os
trabalhos foram conduzidos pelo deputado Wilson Quinteiro (PSB),
presidente da Comissão e Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), relator e
contaram com a presença do deputado Douglas Fabrício (PPS) e de
integrantes de entidades representativas das classes produtoras.
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