POLÍTICA
'Atuação de deputado não pode ser só local'
Manter um relacionamento pessoal com seu representante dá ao cidadão a sensação de poder cobrá-lo no exercício do mandato
Para Fabricio Tomio, a mudança no modo como os eleitores escolhem os candidatos poderia ocorrer a partir da reforma política
Embora no Brasil não exista o chamado "voto distrital", é comum o
eleitor escolher seu candidato na Assembleia Legislativa e na Câmara
Federal com base em critérios regionais. Ou seja, o voto vai para quem
"é da cidade ou da região". Tal critério às vezes é aplicado a despeito
de outros, como capacidade de fiscalização do Executivo, principal
tarefa do político nestas duas Casas.
De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Renato Perissinotto, "para o eleitor, a atuação do deputado tendo em vista as necessidades locais é importante, mas ele não pode pensar o nível local como uma instância separada do resto do mundo". "Mesmo um vereador tem que ter uma atuação municipal, e não apenas atender alguns bairros", completou.
Na Assembleia Legislativa do Paraná, por exemplo, quando um deputado usa a tribuna para tratar de demandas voltadas a uma determinada cidade ou região, é mínima a repercussão. Embora o discurso dê ao eleitor a sensação de representatividade, é comum o desinteresse dos demais integrantes da Casa e o efeito político é quase nenhum.
Mas conhecer e manter um relacionamento pessoal com o seu representante na Assembleia Legislativa ou no Congresso dá ao cidadão a sensação de que terá mais oportunidades para cobrá-lo no exercício do mandato. A opinião é do professor de Ciência Política da UFPR Fabricio Tomio. Para ele, ao escolher "alguém da sua região", o eleitor "entende que é uma forma de garantir aproximação, facilitar a cobrança e o contato". "Não dá pra dizer que é o correto, mas é assim que funciona", disse.
Em artigo publicado no mês de abril na Revista Eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob o título "Como escolher o seu candidato?", a servidora da Justiça Eleitoral Roselha Pardo lembra que "geralmente, escolhemos um candidato por afinidade, ou seja, aquele que tem valores iguais aos nossos", porém, ressalta que o eleitor deve identificar no político "preocupações que dizem respeito ou são aplicáveis a todas as pessoas e não só a um pequeno grupo".
Na avaliação de Perissinotto, as duas coisas não são excludentes. "Alguns políticos têm votos espalhados pelo Estado, outros têm votos mais concentrados, e isso interfere na atuação durante o mandato. Mas os dois, em algum momento, vão se deparar com questões nacionais e vão ter que se posicionar", disse.
Os especialistas ouvidos pela FOLHA concordam que o mecanismo de escolha sob a perspectiva local está presente em todo o País e é alimentado, em grande parte, pela própria classe política, ao manter atuação voltada para áreas geográficas consideradas "domicílios eleitorais". Tomio lembra que a conexão entre voto e atuação local é rompida em casos específicos. "São os eleitores de uma determinada ideologia, dos partidos menores de esquerda, ou de linha religiosa, que votam sem pensar regionalmente."
Segundo Tomio, uma eventual mudança na forma como os eleitores escolhem os candidatos poderia ocorrer a partir da reforma política. "Um exemplo seria a lista fechada, sem divulgação dos nomes. Aí você pode votar no partido e não no candidato. Nesse caso, a fidelidade do político será maior ao partido do que ao eleitor." Contudo, para Tomio, "não é ruim se um político é bem votado numa determinada região e consegue atender demandas daquele local, na sua atuação parlamentar."
Campanha
Defensor do voto regional, o jornalista e publicitário londrinense Claudio Osti iniciou em seu blog uma campanha em defesa dos candidatos "daqui". Ele afirmou que a defesa dos interesses de Londrina e região somente será feita com a presença de mais representantes políticos. "A gente perdeu muito da força política nos últimos anos. Primeiro temos que resolver os problemas locais, depois os regionais."
De acordo com o professor de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Renato Perissinotto, "para o eleitor, a atuação do deputado tendo em vista as necessidades locais é importante, mas ele não pode pensar o nível local como uma instância separada do resto do mundo". "Mesmo um vereador tem que ter uma atuação municipal, e não apenas atender alguns bairros", completou.
Na Assembleia Legislativa do Paraná, por exemplo, quando um deputado usa a tribuna para tratar de demandas voltadas a uma determinada cidade ou região, é mínima a repercussão. Embora o discurso dê ao eleitor a sensação de representatividade, é comum o desinteresse dos demais integrantes da Casa e o efeito político é quase nenhum.
Mas conhecer e manter um relacionamento pessoal com o seu representante na Assembleia Legislativa ou no Congresso dá ao cidadão a sensação de que terá mais oportunidades para cobrá-lo no exercício do mandato. A opinião é do professor de Ciência Política da UFPR Fabricio Tomio. Para ele, ao escolher "alguém da sua região", o eleitor "entende que é uma forma de garantir aproximação, facilitar a cobrança e o contato". "Não dá pra dizer que é o correto, mas é assim que funciona", disse.
Em artigo publicado no mês de abril na Revista Eletrônica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob o título "Como escolher o seu candidato?", a servidora da Justiça Eleitoral Roselha Pardo lembra que "geralmente, escolhemos um candidato por afinidade, ou seja, aquele que tem valores iguais aos nossos", porém, ressalta que o eleitor deve identificar no político "preocupações que dizem respeito ou são aplicáveis a todas as pessoas e não só a um pequeno grupo".
Na avaliação de Perissinotto, as duas coisas não são excludentes. "Alguns políticos têm votos espalhados pelo Estado, outros têm votos mais concentrados, e isso interfere na atuação durante o mandato. Mas os dois, em algum momento, vão se deparar com questões nacionais e vão ter que se posicionar", disse.
Os especialistas ouvidos pela FOLHA concordam que o mecanismo de escolha sob a perspectiva local está presente em todo o País e é alimentado, em grande parte, pela própria classe política, ao manter atuação voltada para áreas geográficas consideradas "domicílios eleitorais". Tomio lembra que a conexão entre voto e atuação local é rompida em casos específicos. "São os eleitores de uma determinada ideologia, dos partidos menores de esquerda, ou de linha religiosa, que votam sem pensar regionalmente."
Segundo Tomio, uma eventual mudança na forma como os eleitores escolhem os candidatos poderia ocorrer a partir da reforma política. "Um exemplo seria a lista fechada, sem divulgação dos nomes. Aí você pode votar no partido e não no candidato. Nesse caso, a fidelidade do político será maior ao partido do que ao eleitor." Contudo, para Tomio, "não é ruim se um político é bem votado numa determinada região e consegue atender demandas daquele local, na sua atuação parlamentar."
Campanha
Defensor do voto regional, o jornalista e publicitário londrinense Claudio Osti iniciou em seu blog uma campanha em defesa dos candidatos "daqui". Ele afirmou que a defesa dos interesses de Londrina e região somente será feita com a presença de mais representantes políticos. "A gente perdeu muito da força política nos últimos anos. Primeiro temos que resolver os problemas locais, depois os regionais."
Edson Ferreira
Reportagem Local-folha de londrina
Reportagem Local-folha de londrina
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