GAECO: OPERAÇÃO "SUCUPIRA"
ESCÂNDALO EM SÃO JERÔNIMO DA SERRA: GAECO PRENDE 3 VEREADORES E FILHOS DO PREFEITO
Servidores da prefeitura, entre eles o chefe de gabinete do prefeito, estão entre os presos
Desvios de recursos públicos teriam ocorrido por meio de contratos
firmados entre empresas e administração municipal, diz Esteves
(PSDB), foram presas por posse ilegal de arma de fogo. Ele, que tinha armas sem registro em casa, pagou fiança de R$ 6 mil e foi liberado no final da tarde.
Entre os 18 presos a partir de mandados estão dois filhos do prefeito, Adcarlos Santos Leite e Alisson Santos Leite, além de servidores do Executivo, três vereadores e empresários. Ontem, o Gaeco não deu detalhes sobre a participação dos presos nas supostas fraudes.
O Gaeco cumpriu, ainda, mandados de busca e apreensão nas sedes de empresas investigadas, em Santa Cecília do Pavão, Maringá, São Sebastião da Amoreira, Fazenda Rio Grande, Pinhalão, Nova Santa Bárbara e Mandirituba. A Justiça deferiu mandados de busca em 55 locais, incluindo a Prefeitura de São Jerônimo da Serra e casas dos envolvidos, e decretou a quebra de sigilo bancário de 51 pessoas e empresas. Os detidos foram conduzidos para a Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2) e, no caso das mulheres, ao 3° Distrito Policial.
Após cinco meses de investigação, o Ministério Público protocolou 34 pedidos de prisão na Justiça. Desse total, 12 prisões preventivas e seis temporárias foram decretadas. O restante foi descartado neste primeiro momento. Entre os pedidos negados estavam o de prisão do prefeito Adir e da esposa.
Conforme o promotor de Justiça Claudio Esteves, desvios de recursos públicos teriam ocorrido por meio de contratos firmados entre diversas empresas e a administração municipal. Postos de combustíveis, estabelecimentos comerciais ligados a fornecimento de alimentos e de peças de veículos, consultórios odontológicos e de fisioterapia são investigados. Os nomes dos empresários não foram revelados.
Proprietários de postos de combustíveis detidos durante a operação confessaram parte das irregularidades em depoimento aos promotores. "Eles já admitiram parcialmente a nossa suspeita. Não podemos adiantar detalhes dos fatos, mas eles prometeram colaborar com a apuração a partir de agora", afirmou Esteves. O Gaeco seguirá tomando novos depoimentos em São Jerônimo da Serra nos próximos dias e não estão descartadas novas prisões. Os detidos devem ser ouvidos na sede do Gaeco em Londrina.
Entre os presos estão o tesoureiro da Prefeitura de São Jerônimo da Serra, o chefe de gabinete do prefeito, o pregoeiro responsável pelo setor de licitações e os vereadores José Jacir Sampaio (PSD), Isaque Pereira Martins (PPS) e Amarildo Bueno (PR). Os três vereadores teriam sido beneficiados por meio do abastecimento de veículos particulares no Auto Posto Godoy, em Santa Cecília do Pavão. A suspeita é de que a conta costumava ser paga com recursos da prefeitura.
O grupo é suspeito de ter cometido os crimes de fraude em licitação, peculato, corrupção ativa e passiva, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. "Já existem indícios bastante consistentes da prática desses crimes", resumiu Esteves sem detalhar os fatos. A reportagem não conseguiu falar ontem com o prefeito de São Jerônimo da Serra e nem com a defesa dos investigados.
OPERAÇÃO
Segundo o promotor de Justiça Jorge Fernando Barreto da Costa, os investigados apostavam na impunidade. "Na investigação percebemos que eles não tinham preocupação em evitar rastros." Documentos, computadores, pen drives e notas fiscais apreendidos em empresas, na sede da Prefeitura de São Jerônimo da Serra, na Câmara de Vereadores e nas casas das pessoas detidas foram juntados no Fórum e depois levados ao Ministério Público de Londrina.
A operação contou com a presença de 80 policiais civis e militares e a população da cidade de São Jerônimo da Serra parou para ver a movimentação ao longo do dia. O município possui menos de 12 mil habitantes. Várias pessoas permaneceram no centro cívico sem entender o que estava ocorrendo. Poucos se dispuseram a dar entrevista. "Eu moro aqui há 30 anos e nunca vi isso acontecer. Votei nesse prefeito três vezes nas últimas eleições até que ele ganhou. Se for comprovada alguma coisa irregular, é de decepcionar. Corrupção não é normal, é comum, são duas coisas diferentes. Vai travar a cidade", disse um senhor que preferiu não ser identificado. Uma funcionária do setor de endemias recuou ao entrar no prédio. "Eu vi a movimentação e me assustei. Vou acompanhar do lado de fora. Nunca soube de nada de fraude", comentou.
Edson Ferreira e Viviani Costa
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA
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