FUTEBOL
PARANAENSE:
Atlético sofre virada, mas busca empate contra o PSTC
Na tarde de sábado(4), o Rubro-Negro recebeu o PSTC e ficou na igualdade por 2 a 2
Fonte:
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Curitiba, PR, 04 (AFI) - Pela terceira rodada do Campeonato Paranaense, o Atlético-PR disputou seu segundo jogo na competição. Na tarde deste sábado (4), o Rubro-Negro recebeu o PSTC. Em casa, o Furacão empatou em 2 a 2. Os gols foram marcados por Matheus Rossetto e Matheus Anjos.
O JOGO
Com a mesma base da equipe que estreou no Campeonato Estadual, diante do Rio Branco, o Furacão dominou a primeira etapa. Logo aos cinco minutos, Luiz Otávio recebeu na intermediária e arriscou o chute de longe. A bola explodiu na zaga.
Com a mesma base da equipe que estreou no Campeonato Estadual, diante do Rio Branco, o Furacão dominou a primeira etapa. Logo aos cinco minutos, Luiz Otávio recebeu na intermediária e arriscou o chute de longe. A bola explodiu na zaga.
Aos dez minutos, a única chance perigosa
do PSTC no primeiro tempo. Erik chutou da entrada da área e Weverton
colocou para escanteio. Aos 20 minutos, o Rubro-Negro teve um gol
anulado. Murillo recebeu na área e mandou para as redes, mas em posição
de impedimento.
O time atleticano continuou pressionando e
quase marcou, aos 22 minutos. Matheus Anjos cobrou falta da esquerda e
Marcão bateu por cima do gol. Quatro minutos depois, Matheus Anjos fez
jogada individual e bateu forte, para a defesa do goleiro do PSTC. A
última tentativa rubro-negra foi aos 37 minutos. Murillo tocou por cima e
o goleiro conseguiu colocar para escanteio.
O
panorama do segundo tempo não mudou e o Furacão abriu o placar aos seis
minutos. Nikão recebeu na direita e lançou para Matheus Anjos. O meia
cruzou forte, na segunda trave. Rossetto dominou e bateu no alto, sem
chances para o goleiro.
O Atlético-PR ficou no 2 a 2 com o PSTC. (Foto: Fabio Wosniak/Site Oficial CAP)
Aos 17 minutos, mas uma chance do
Rubro-Negro. Bruno Rodrigues fez jogada pela esquerda e bateu cruzado, a
bola foi para fora. O PSTC empatou aos 22 minutos. Após pênalti
cometido por Marcão, Carlos Henrique bateu no alto e deixou tudo igual.
Cinco
minutos depois, a equipe visitante virou o placar. Após cobrança de
escanteio, Erik marcou de cabeça. Aos 29 minutos, o goleiro do PSTC
evitou mais um gol atleticano, após finalização de Murillo.
Aos
42 minutos, pênalti para o Furacão. Após cobrança de escanteio, Renan
Lodi tentou o drible e o zagueiro do PSTC cortou com a mão. Na cobrança,
Matheus Anjos deslocou o goleiro e deixou tudo igual mais uma vez,
dando números finais à partida. 2 a 2.
ESPECIAL
Ausente contra o Atlético-PR, goleiro rival se divide entre fé e profissão
- Divulgação
"Lembra-te
do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás
toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não
farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu
servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que
está dentro das tuas portas."
Nunca aos sábados, reza a
leitura adventista da Bíblia em Êxodo, capítulo 20, versículo 8,
reproduzido acima. Um problema para um atleta de futebol, que tem no
final de semana sua ápice da atividade profissional. Qual a escolha?
Renunciar à fé ou ao trabalho?
Carlos Vitor da Costa
Ressurreição – ou só Vitor, goleiro – conseguiu um clube que acreditasse
que é possível conciliar ambos: o PSTC (Paraná Soccer Technical
Center), da primeira divisão paranaense, clube em que Kléberson, Jadson,
Fernandinho (do City) e Rafinha (do Bayern) deram seus primeiros passos
na carreira. Porém, no último sábado (04), quando seu clube empatou por
2 a 2 em Curitiba contra o Atlético-PR, Vitor não estava em campo.
O PSTC aceitou que Vitor não estivesse em campo neste sábado. Quem
jogou é Juninho, que ficou no banco de Vitor na derrota contra o
Prudentópolis na primeira rodada do Paranaense 2017 (0 a 2).
Vitor decidiu pela fé ainda como goleiro no Londrina, no início do ano:
não atuaria mais profissionalmente do entardecer da sexta-feira ao
anoitecer do sábado. O clube teria pela frente uma Série B e não renovou
seu contrato. Foram seis meses parado até que o PSTC lhe procurasse.
"Eu estava em casa, em Salvador, lembraram de mim e fizeram a proposta
respeitando a minha crença", conta. A rotina está definida na cabeça
dele: "Ao pôr do sol na sexta eu encerro a atividade, me recolho, vou
para casa ou concentração. No sábado de manhã se tem trabalho, eu não
participo, vou para igreja e fico com a família. Se o jogo for à noite,
tudo bem jogar".
Parece simples, mas são vários os fatores. Por
exemplo, concentração é trabalho? "Trabalho é voltado para seu próprio
ganho, seu benefício. No sábado a Bíblia pede para descansar", argumenta
em sua fé, "Os adventistas trabalham aos sábados, pregando o evangelho,
visitando hospitais, por exemplo. Tem gente que não lava nem louça, mas
isso é uma questão muito pessoal, de pessoas mais ortodoxas. Eu ficarei
reservado no quarto, sem ver palestra ou preleção, por exemplo, até o
entardecer de sábado.
"O período no hotel não será trabalho. Vou
ficar reservado no quarto". Ele sequer viajou com a delegação para
Curitiba. "As viagens eu posso fazer antes, ir na igreja da cidade onde
estiver. Vou fico no hotel, vou à igreja daquela cidade. Anoiteceu,
posso jogar", novamente responde Vitor.
Para o PSTC, a
compreensão é de que a operação é de baixo risco. O salário, não
divulgado, não chega aos dois dígitos. De quebra, o clube espera contar
com um goleiro de 31 anos em um ano com Paranaense, Copa do Brasil e
Série D. "Temos um ano cheio", conta Renato David, gerente de futebol.
"Quem definirá quem jogará é o treinador, Reginaldo Vital
[ex-Atlético-PR e Coritiba]. Estamos preparando a equipe para o
calendário cheio. E se acontecer dele não poder jogar, nós contratamos
outros dois excelentes goleiros."
Conflito de fé
Vitor não entende por que se polemiza sua decisão. "A gente vive num
país católico, no domingo não se abre o comercio, é dia de ir à missa.
Mas a Bíblia fala do sábado. Veja como é incoerente: atletas cristãos
entendem que o domingo é um dia de guarda e não guardam, trabalham do
mesmo jeito. Por quê? Porque hoje o dinheiro fala mais alto."
Ele recusou uma proposta da Chapecoense no começo do ano. Depois do
acidente com a equipe, reforçou sua crença. "O avião caiu por que? O
cara não queria abastecer pra ganhar. O dinheiro está matando todo
mundo, as pessoas estão com câncer, com depressão. Ninguém para pra
respirar. O sábado é pra isso, Deus indicou. Eu creio que não estava [no
voo] por que segui aquilo que eu entendia ser fiel a ser uma verdade.
Era um salário que eu nunca vi na vida, mas quando coloquei que não
trabalharia nos sábados, não aceitaram."
O PSTC tem sede em
Londrina, mas manda seus jogos em Cornélio Procópio. Vitor lembra
do caminho trilhado junto ao goleiro Danilo, morto no acidente da
Chapecoense. "Ele foi do Paranavaí para o Londrina, eu também. Depois
ele foi para Chapecoense e eu quase fui", relembra, garantindo presença
em um jogo para arrecadar fundos para a família de Danilo na semana do
Natal.
A ideia de contratá-lo surgiu no PSTC após uma conversa
com o fisioterapeuta do clube, Madjer Vinícius, que também é adventista.
"Sabíamos que o Vitor estava parado devido a crença dele e estávamos
buscando um goleiro para equipe. Foi aí que surgiu a ideia de dar essa
oportunidade. Ele está contente e nós também. É um grande atleta, um
excelente profissional", atesta Renato David. Não haverá nenhum desconto
no salário por conta das eventuais faltas. "Não é muito dinheiro, mas
eu vim para jogar em um clube que aceite minha condição de fé", comemora
o goleiro.
A Constituição garante, em seu artigo 5, o respeito
ao livre credo, mas não há nenhuma lei que garanta o exercício da fé em
seu calendário profissional. A convenção no Brasil, por maioria, é a
adoção dos feriados católicos. O que se prega aos empregadores é o bom
senso. É com isso que Vitor conta. "É como os fariseus queriam pegar,
digamos, Jesus no pulo: 'mas se cair uma ovelha num buraco no sábado,
você não vai salvar?" Existem médicos adventistas que dão plantão no
sábado, a vida está acima de tudo. Se for vida ou morte, você tem que
agir. O futebol é um espetáculo, é artístico, a vida não depende do
futebol. Estou ali para entreter pessoas e ganhar meu sustento."
E se outros atletas, de outras religiões, resolverem exercer seu
direito ao credo em outros dias? Uma pergunta ainda sem resposta para o
gerente do PSTC. "Olha... a gente tem que respeitar a todos. É uma
pergunta difícil. Acima de tudo é Deus, é algo do bem... essa pergunta
eu não pensei ainda profundamente. Só pensamos no caso específico do
Vitor. Deus vai nos abençoar nessa campanha", espera.
Fonte: Jornalista Napoleão de Almeida - Colaboração para o UOL, de Curitiba
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