ESPORTES: MARCHA ATLÉTICA
Professora de Cornélio Procópio se torna a 1ª mulher da América Latina, e 11ª do mundo, a concluir a marcha de 50 km
Encontrar
Edilaine Maria Vidotto Rech, 40 anos, em Cornélio Procópio, não é
tarefa difícil. Basta chegar ao campo esportivo da Universidade Federal
Tecnológica do Paraná (UTFPR) ou nas margens da BR-369, para vê-la
praticando seu esporte preferido: a marcha atlética. Magra, alta e com
traços frágeis, quem a olha não consegue imaginar que aquela mulher
franzina conseguiu um feito histórico em uma das provas mais difíceis do
atletismo: foi a primeira do Brasil e da América Latina, e a 11ª do
mundo, a concluir a marcha de 50 km.
Até ano passado, a Marcha
Atlética de 50 km era a única prova do atletismo exclusiva para homens.
"Diziam que as mulheres não aguentariam, por conta do desgaste
excessivo. Usavam argumentos de 1930, afirmando que poderíamos perder o
útero. Foi uma luta de muitos anos, de várias atletas como eu, para
conseguirmos o direito de disputar também esta modalidade", conta
Edilaine.
Até 2015 as mulheres podiam marchar até 20 km. A primeira
competição de 50 km feminino ocorreu nos Estados Unidos, em novembro de
2015. Ao todo, foram cinco competições e apenas 13 mulheres no mundo
conseguiram concluir a prova (Edilaine é a única da América Latina).
A
marca de Edilaine foi registrada em Londres, no dia 2 de outubro deste
ano. "Eu vinha me preparando há um ano, mas semanas antes sofri uma
lesão. Treinava para fazer a prova em 5h, mas por conta das dores,
concluí em 5h31min, sou a 11ª no ranking mundial." A marca foi
homologada pela Confederação Brasileira de Atletismo em 2 de novembro. O
recorde mundial feminino nesta prova é de 4h34min. O tempo médio dos
homens profissionais é de 4h10min.
Edilaine, que treina marcha
atlética desde a adolescência, estava habituada às marchas de 5, 10 e 20
km, obtendo várias conquistas, entre elas três medalhas no Mundial de
Marcha Atlética de Porto Alegre, em 2013. "Foi lá que conheci a
americana Erin Taylor, grande fomentadora da prova dos 50 km nos Estados
Unidos. Fizemos uma lista de atletas interessadas – eram poucas em todo
o mundo, mas o suficiente para iniciar uma corrida. Nossa meta agora é
chegar a 80 atletas até o fim de 2017."
O foco de Edilaine
atualmente é a Copa Brasil, que acontecerá em março de 2017. "Será a
primeira marcha de 50 km feminina realizada no Brasil. Eu vou participar
e quero baixar meu tempo", afirma. Ela acredita que terá duas
concorrentes, uma de Santa Catarina e outra de Brasília. "São poucas,
mas o importante é começar e aos poucos consolidar nosso espaço."
Com
os feitos, a atleta espera agora aumentar a divulgação da marcha
atlética e incentivar os investidores a olharem também para o atletismo.
"Eu só pude ir a Londres graças a ajuda de particulares. Sem o auxílio
do meu treinador Samir Sabadin, e de outros amigos patrocinadores, não
teria conseguido nada. Sou professora de História e vivo do meu salário.
A bolsa para atletas que eu recebia está atrasada há 14 meses", conta.
Nascida
em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ela acredita que não foi
coincidência ter esta data como seu dia de aniversário. "Na história do
atletismo as mulheres sempre tiveram que lutar para ganhar espaço e
mostrar sua capacidade. Desta vez não foi diferente. Nos últimos anos
meu foco não era obter recordes na marcha dos 50 km, mas consolidar mais
esta conquista feminina no esporte." FONTE: parananet.com.br
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